DELSON era um homem simples, um campeiro que tinha uma pequena fazenda junto com sua esposa e 2 filhos, fazia toda a lida do campo, mas parava sempre para ver o VOO do CARCARÁ, que planava aproveitando as correntes do VENTO e sempre dizia para sua mulher: "Eta bicho feliz, voar por esse mundão de DEUS na CARONA DO VENTO..."
Delson, havia caido do cavalo, bateu com a cabeça numa
saliência do campo, seu velho cavalo e amigo se assustou de uma cobra, Delson
ficou num estado letárgico, numa cadeira de rodas, percebia as coisas, porém
perdera a fala, perdera todos os movimentos, somente seus olhos viam a lucidez,
mas nem um músculo podia mover.
Sua esposa Marta, dedicada, sofria muito ao ver seu marido naquele estado e sempre o colocava diante da
porta onde via uma bela paisagem, mas a mesma paisagem, um portão que quase nunca era aberto, com uma
cerca de pedras ornada de ramos verdes, um campo que se estendia como um tapete e cerros
esfumaçados de um azul opaco pela distancia era um quadro ao fundo.
Podia ver ao fim da tarde o seu cavalo que
pastava por ali, vacas, ovelhas, pássaros, quero-queros e um grande carcará que abria suas asas gigantes plainando no ar, desfilavam ao olhar
silente de Delson.
Um dia, sua mulher
que estava na cozinha, viu o portão ranger e pareceu ouvir uma voz dizer:
“Marta, ele veio me buscar ...” – Correu para a porta e o PORTÃO ESTAVA aberto
e DELSON havia partido desse mundo, com o rosto sereno e um olhar solto no
universo daquela paisagem longa. Então ela olhou para onde ele olhava e viu um
carcará voando e estrilando seu canto rumo as nuvens ... LEVAVA JUNTO A ALMA DE DELSON.
(por Beraldo
Figueiredo)
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